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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

POWER POINT



Power Point é, por uma quase definição, o software dos chatos. Quem é chato, realmente chato, cria power Points sobre assuntos tão interessantes quanto a reprodução das abelhas no inverno. E como o autor é chato, não basta criar a apresentação. É preciso enviá-la ao maior número de pessoas possível. Estas, por sua vez, reenviam as maravilhosas apresentações para toda sua lista de contatos. E assim, cria-se uma corrente dos chatos que foram pegos por um chato e querem ser chatas o suficiente para pegar outros tolos que ainda acreditam que power Point pode ser legal. Mas por que apresentações em Power Point são chatas? Vamos lá:

1 - Os assuntos são muito bem escolhidos: da reprodução das abelhas no inverno até as maravilhosas características da flor que se abre ao sol uma vez por ano, a grande maioria das apresentações obedecem temas que nada irão acrescentar ao seu dia estressante no trabalho;

2 - Os assuntos realmente interessantes: quando o assunto é interessante de verdade, não precisa ser mostrado em Power Point, já que as pessoas irão ouvi-lo sem te interromper e sem mudar de assunto. Mas às vezes, alguém se engana e coloca algo realmente útil. Neste caso, a formatação da apresentação se encarregará de entediar o receptor. Letrinhas que giram loucamente, fotos que vão preenchendo a tela em velocidade de tartaruga, palavras que vão aparecendo uma por vez, te forçando a clicar mais de cinquenta vezes até que todas estejam na tela,  e efeitos tão bacanas quanto os presentes nos filmes do Zé do Caixão, farão com que você passe os slides o mais rápido possível porque o assunto útil e interessante, virou uma perda de tempo;

3 - Músicas/efeitos sonoros: as músicas são sempre lindas e maravilhosas nos primeiros quinze segundos. E a apresentação dura bem mais do que isso. Sem contar o ícone de caixa de som avisando que o arquivo tem áudio. Armadilha! Desligue as caixas de som se quiser enfrentar o desafio. Efeitos sonoros de máquinas de escrever são superinteressantes, principalmente quando cada letrinha das mais de dez mil palavras do texto acompanham esse maravilhoso som. E não adianta a música ser realmente bacana. O volume estará sempre próximo ao zero, enquanto o volume do efeito de bomba explodindo para marcar a transição entre dois slides que mostram flores estará sempre próximo ao dez;

4 - Idioma: não importa o assunto. Se você se interessou, ele estará escrito em um idioma que você não compreende. Os mais comuns são bielo-russo e tailandês;

5 - Créditos: mais da metade dos slides de uma apresentação chata são destinados aos créditos. O autor faz questão de dizer, um clique por vez, de quem são as fotos/ilustrações, quem formatou a apresentação, qual o nome da música, qual o autor da música, qual o intérprete da música, que ano a música foi gravada, qual a estação do ano em que a música foi gravada, quem assistiu a todo o processo de formatação dos slides, qual o sabor do sorvete que o fotógrafo/ilustrador estava comendo quando fez a imagem, de onde as imagens e o texto foram tirados e, principalmente, o nome da pessoa que traduziu aquilo do português para o idioma que você não entende.  Se por um acaso a tia da limpeza estiver na sala no momento da formatação, o nome dela constará nos créditos;

6 - Cores: não adianta falar... qualquer criador de apresentações em Power Point vai insistir no fato de que texto verde em fundo laranja fica tão bonito e agradável à vista quanto fundo rosa com texto azul claro. Sem contar que é muito fácil de ler textos em roxo claro em cima de fundos roxo escuro, naquela fonte super legal que o autor achou, que imita letra de médico e que ele fez questão de colocar em tamanho 6, pra caber bastante texto naquele slide.

Por isso eu raramente abro arquivos em Power Point. Prefiro pesquisar no Google pra saber se as abelhas se reproduzem no inverno.

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