Hoje respondi um
comentário feito por um amigo numa postagem que compartilhei no Facebook. Foi
essa resposta que me inspirou a escrever um pouco sobre a minha opinião a
respeito da administração desastrosa que a cidade de São Paulo vem conhecendo,
através do prefeito Fernando Haddad (aquele mesmo que, quando ministro da
educação, deixou vazar as provas do ENEM) .
Haddad ganhou o apelido
de Suvinil porque resolveu melhorar o trânsito da cidade pintando ciclofaixas
nas ruas da cidade. O problema é que, além de caras, as faixas para bicicletas
não foram planejadas. É por isso que vemos algumas bizarrices, como uma faixa
sendo cortada por uma árvore que estava no meio do caminho e a ciclofaixa drive thru, que passa na frente de
barracas de feira.
Eu quero deixar claro
que não sou contrário a elas e nem as ciclistas (e mesmo que fosse, nada
poderia fazer, aqui, do alto da minha insignificância), mas sou contrário ao
modo como são feitas. É nítida a pressão que se faz hoje contra os automóveis.
Eles são tratados (assim como os motoristas) como os causadores do transtorno
do trânsito pesado que temos. É claro que medidas para aliviar essa tensão são
bem vindas, mas vamos pensar um pouco: é justo condenar os carros e os
motoristas, quando sabemos que a culpa não é só nossa?
Eu uso carro. E ando a
pé. Se uso transporte público, prefiro o metrô. Ônibus eu sempre evito. Quando eu vejo uma ciclofaixa invadindo
preciosos centímetros das faixas para carros nas ruas, eu me sinto lesado.
Aliás, me sinto punido. Punido por perder esses valiosos centímetros para as
bicicletas, por ser fiscalizado quase obscenamente por radares, por ser
proibido de usar meu carro em determinado dia e horários e por pagar impostos
que servem para pintar as ruas de vermelho, mas não são usados para tapar
buracos, nivelar asfalto, prevenir enchentes e etc. E isso tudo porque tenho
carro e, hoje, sou um grande vilão. Faço parte da turma dos malvados que
poluem, fazem barulho e estressam os outros.
E nós, os grandes
vilões do século, estamos sendo penalizados dia após dia. E engana-se quem acha
que só as ciclofaixas fazem parte desse plano de eliminação dos automóveis.
Houve um aumento grande no número de radares, restrições de estacionamento e
circulação, queda nos limites de velocidade, aumento de zona azul (o que eu
acho um absurdo – se a via é pública, por que temos que pagar para estacionar?
E isso sem falar nos já odiados rodízio e IPVA.
Antigamente falavam que
o Maluf governava para os ricos (que tinham carro), por causa das grandes obras
viárias que fez. Embora superfaturadas (sempre), hoje são de fundamental
importância no trânsito da cidade. Nos dias atuais, os que antes eram pobres,
hoje são ricos (seguindo a lógica) porque podem ter carro (e isso aumentou
muito a frota da cidade, sem dúvida, contribuindo para o aumento dos
congestionamentos) e o governo é para os pobres. É justamente isso que critico.
Um governo não tem que
ser para pobres ou ricos ou para qualquer grupo que eles insistem em criar. O
governo é para o povo. Eu sou do povo. Você é do povo. As mulheres e homens são
do povo. Os gays e héteros são do povo. Religiosos e ateus são do povo. Os
fumantes e não fumantes são do povo. Os pretos e os brancos são do povo. Todos
nós somos povo, não importando nossas posses, capacidades ou preferências.
Resumindo: todos nós temos o direito de ir e vir e a forma como iremos fazer
isso é de nossa escolha pessoal, não de um prefeito (ou presidente, ou partido,
ou quem quer que seja). O governo tem que garantir a nossa qualidade de vida,
seja dentro de um carro ou pedalando pelas ruas. É isso que temos que cobrar,
não interesses dos grupos. E o que tenho
visto aqui são interesses de um grupo sendo atendidos enquanto os interesses de
outros são ignorados. É por isso que reclamo das ciclofaixas, embora ache uma
boa ideia.