São Paulo é uma aventura. Sempre. Às vezes boa, às vezes ruim. No caso da última quinta-feira foi boa, embora eu tenha me sentido um verdadeiro palhaço. Uma rápida explicação: Na faculdade, temos aulas de inglês. Para quem não sabe o idioma, a professora ensina desde o comecinho. Mas alguns alunos já possuem uma boa noção de inglês, alguns dão aula e há, inclusive, uma menina que morou nos Estados Unidos por um bom tempo, inclusive freqüentando as escolas de lá. Isso fez com que ela conseguisse um bom nível de fluência na língua. Para que essas pessoas não precisem se preocupar com a freqüência das aulas e com provas, a universidade oferece um teste de proficiência. Se você passa, está automaticamente dispensado das aulas de inglês e sua nota nesse teste, é a mesma nota do semestre.
É óbvio que o geniozinho aqui resolveu participar da brincadeira, mais até para saber até onde consigo ir sem o auxílio de pesquisas, gramáticas e dicionários, do que para ser dispensado das aulas. Embora a dispensa seria muito bem-vinda. Mas no meu caso, o exame de proficiência se tornou um exame de proineficiência. Ineficiência, deixando bem claro, em relação à mim e não ao exame ou à universidade. E a partir disso, volto a falar sobre a aventura de viver em São Paulo.
Qualquer um que pense “São Paulo”, pensa, por tabela, na palavra trânsito. Caos também é sempre relacionada à cidade. E trânsito caótico é a frase que melhor se aplica ao adjetivar a minha cidade. E baseado nisso, resolvi que seria melhor sair de casa às quatro da tarde, para ao correr o risco de perder a prova que começaria às sete da noite, tendo em vista que eu teria que sair da zona sul e ir até a zona oeste, andando por vias congestionadas. E como sempre, caí do cavalo de novo. As ruas e avenidas estavam livres e gastei não mais do que meia hora para chegar lá. Isso, em outras palavras, quer dizer que fiquei mais ou menos duas horas no campus da universidade sem ter o que fazer.
Fui com uma amiga da minha turma. Chegando lá, logo achamos um jeito de gastar as duas horas: lembramos que não sabíamos se estávamos no prédio certo e qual era a sala onde se realizaria o exame. Procuramos pelo prédio todo. Por fim, achamos. Mas a prova foi um verdadeiro terror.
Descobri que sei muito menos que eu achava que sabia. Meu telefone não parava de tocar, eu não podia atender para dizer que não dava pra falar naquela hora, e bem na hora do listening (pra quem não sabe, um exercício de compreensão, em que ouve-se um nativo falando). Muito bem. Não preciso dizer que, com todos os meus cuidados, o telefone não estava no modo silencioso, o que me causou a transformação de “cara-pálida” para “pele vermelha” em questão de segundos.
Passado o momento “índio em filme de cowboy americano”, fui escrevendo aquilo que eu achava que sabia, por todas as páginas da extensa prova. Foi tão cansativo, que por um momento pensei que seria melhor freqüentar todas as aulas e fazer todas as provas do que repetir esse exame. Mas a história pode não terminar por aí: se eu passar, ainda terei o teste de conversação. E algo me diz que, se dessa vez eu incorporei o índio em filme de cowboy americano, da próxima, vou encarnar Charles Chaplin em um dos seus filmes mudos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Abra o bico