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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

SIMPLICIDADE

Não é pra qualquer um. Não mesmo. Fazer aniversário em uma sexta-feira treze, não é pra qualquer um. Definitivamente. Nascer em uma sexta-feira treze, não é pra qualquer um. Simples mortais. Não que eu seja imortal. Só não sou simples. Afinal, não é coisa de gente simples ter que sair de casa bem na hora da tempestade. Ter que passar a tarde na rua e ver a chuva caindo mais forte toda vez que preciso descer do carro e suavizando suas gotas quando entro de volta.

Sair do carro para entrar em uma loja, não achar o que precisa e ligar para casa perguntando se pode levar um artigo semelhante, para depois agradecer a pessoa que falou comigo ao telefone e mandar um beijo para a atendente que ajuda a achar o que quero, não é coisa de gente simples.

Não é coisa de gente simples ver a rua vazia e sem trânsito ser invadida pelos carros que aguardavam o semáforo ficar verde, bem na hora que vou sair com o carro, me fazendo esperar longos minutos para poder voltar pra casa. Assim como não é coisa de gente simples procurar vários livros pedidos para a faculdade no site da livraria, que entrega em casa e justo o único livro que a livraria não tem, é aquele que só é vendido em um lugar muito longe daqui, que não entrega pelo correio.

Enviar uma mensagem com uma pergunta para um grupo de amigos do Facebook e só um responder dizendo “obrigado”, é coisa de gente complicada. Pensar em tirar uma sonequinha no fim da tarde e ser atormentado por buzinas infernais por causa do farol quebrado, não é para quem é simples. Ver as buzinas cessarem de repente, como quem aperta a tecla “mute” da televisão, assim que desiste de puxar um ronco, é só comigo mesmo.

Sentar a bunda na cadeira para escrever uma crônica e ver um relâmpago a poucos metros da janela fazer piscar a luz para desligar o computador de repente, assim que se termina o texto, não é coisa para pessoas comuns. Esquecer de salvar a crônica enquanto ela é escrita, não é para qualquer um. Não mesmo!

Se sentir um idiota salvando letra por letra enquanto o texto é redigido novamente, não é para quem é um simples mortal. Só para mortais complicados. Esses mortais, que volta e meia se sentem protagonistas de algum seriado de humor, mas logo percebem que se trata da vida real. Esse sou eu.

Tomar um café para espantar o sono de fim de tarde e ficar com mais sono ainda, é típico da minha personalidade. Bem como ficar apertando “Ctrl+S” para ir salvando o arquivo do Word, pro caso da luz piscar de novo, para depois perceber que no Word, as teclas de atalho para salvar o arquivo são “Ctrl+B”, sem entender porque o texto de repente ficou todo sublinhado, e entendendo perfeitamente que se faltasse luz de novo, todo esse trabalho simplesmente desapareceria, é coisa de gente complicada. Aliás, mais do que isso: gente sem noção!

Muito prazer, sou o Sr. Sem Noção. Sem noção porque ao marcar o celular do vizinho na agenda do meu telefone, escrevi “Sr. Fulano”, fazendo meu celular salvar o nome do cara na letra S e não na letra correta do nome dele. E eu não vou me lembrar disso quando precisar falar com ele. Assim como já desisti de me lembrar de colocar o nome certo.

Então está bem. Vou parar por aqui hoje. Antes que mais alguma coisa dê errado.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Confusão mental


Diante de tantos interruptores, me pergunto qual irá acender a lâmpada que eu quero. São três: sala de jantar, sala de estar e hall de entrada. Apesar de morar aqui há mais de dez anos, eu nunca sei qual botão aciona a lâmpada que eu quero. São necessárias ao menos três tentativas (às vezes quatro: sempre que acendo a luz certa eu me engano apagando, achando que acendi errado. Depois disso, acontecem as três tentativas de hábito, já que como eu me enganei acendendo a luz certa achando que era a errada e apaguei, eu recomeço acendendo o interruptor errado).  E eu não entendo nem a nomenclatura das salas: sala de jantar e sala de estar. Ninguém aqui janta na sala de jantar. Nossas refeições são sempre na cozinha. Quando a usamos, é para almoço em família. E quando jantamos na sala, vamos para a sala de estar, porque é lá que fica a TV. E sala de estar é um nome que não faz sentido, já que toda sala é sala de estar. Não existe sala de não-estar. Afinal, qualquer sala que você use, você está nela. 
 
Outra situação que me confunde é a hora de trancar ou destrancar uma porta. As duas portas têm a mesma quantidade de chaves e todas as chaves são parecidas. Para não errar, resolvi colar uma etiqueta em cada uma. Uma etiqueta tem a letra “F”, de frente. A outra tem a letra F de fundos. E também não entendo essa de frente e fundos, já que as duas portas dão pro mesmo lado do apartamento. Poderia ser “social” (pra porta que dá pro elevador social) e “serviço” (pra porta que dá pro elevador de serviço). De qualquer forma, etiquetar as chaves com a letra “S” para obedecer a nova nomenclatura não iria ajudar.

Isso é resultado da turma que nomeia as coisas. Fazem pra confundir. Como os anúncios das lojas dizendo “cozinha completa por dez vezes sem juros”. Por acaso alguém compra algum imóvel que venha sem cozinha? Que mania de comprar quartos e cozinhas. Se você precisa disso, melhor dar uma prensa no seu corretor de imóveis. Ele está te vendendo um apartamento incompleto!
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