Não é pra qualquer um. Não mesmo. Fazer aniversário em uma sexta-feira treze, não é pra qualquer um. Definitivamente. Nascer em uma sexta-feira treze, não é pra qualquer um. Simples mortais. Não que eu seja imortal. Só não sou simples. Afinal, não é coisa de gente simples ter que sair de casa bem na hora da tempestade. Ter que passar a tarde na rua e ver a chuva caindo mais forte toda vez que preciso descer do carro e suavizando suas gotas quando entro de volta.
Sair do carro para entrar em uma loja, não achar o que precisa e ligar para casa perguntando se pode levar um artigo semelhante, para depois agradecer a pessoa que falou comigo ao telefone e mandar um beijo para a atendente que ajuda a achar o que quero, não é coisa de gente simples.
Não é coisa de gente simples ver a rua vazia e sem trânsito ser invadida pelos carros que aguardavam o semáforo ficar verde, bem na hora que vou sair com o carro, me fazendo esperar longos minutos para poder voltar pra casa. Assim como não é coisa de gente simples procurar vários livros pedidos para a faculdade no site da livraria, que entrega em casa e justo o único livro que a livraria não tem, é aquele que só é vendido em um lugar muito longe daqui, que não entrega pelo correio.
Enviar uma mensagem com uma pergunta para um grupo de amigos do Facebook e só um responder dizendo “obrigado”, é coisa de gente complicada. Pensar em tirar uma sonequinha no fim da tarde e ser atormentado por buzinas infernais por causa do farol quebrado, não é para quem é simples. Ver as buzinas cessarem de repente, como quem aperta a tecla “mute” da televisão, assim que desiste de puxar um ronco, é só comigo mesmo.
Sentar a bunda na cadeira para escrever uma crônica e ver um relâmpago a poucos metros da janela fazer piscar a luz para desligar o computador de repente, assim que se termina o texto, não é coisa para pessoas comuns. Esquecer de salvar a crônica enquanto ela é escrita, não é para qualquer um. Não mesmo!
Se sentir um idiota salvando letra por letra enquanto o texto é redigido novamente, não é para quem é um simples mortal. Só para mortais complicados. Esses mortais, que volta e meia se sentem protagonistas de algum seriado de humor, mas logo percebem que se trata da vida real. Esse sou eu.
Tomar um café para espantar o sono de fim de tarde e ficar com mais sono ainda, é típico da minha personalidade. Bem como ficar apertando “Ctrl+S” para ir salvando o arquivo do Word, pro caso da luz piscar de novo, para depois perceber que no Word, as teclas de atalho para salvar o arquivo são “Ctrl+B”, sem entender porque o texto de repente ficou todo sublinhado, e entendendo perfeitamente que se faltasse luz de novo, todo esse trabalho simplesmente desapareceria, é coisa de gente complicada. Aliás, mais do que isso: gente sem noção!
Muito prazer, sou o Sr. Sem Noção. Sem noção porque ao marcar o celular do vizinho na agenda do meu telefone, escrevi “Sr. Fulano”, fazendo meu celular salvar o nome do cara na letra S e não na letra correta do nome dele. E eu não vou me lembrar disso quando precisar falar com ele. Assim como já desisti de me lembrar de colocar o nome certo.
Então está bem. Vou parar por aqui hoje. Antes que mais alguma coisa dê errado.