Diante de tantos interruptores, me pergunto qual irá acender a lâmpada que eu quero. São três: sala de jantar, sala de estar e hall de entrada. Apesar de morar aqui há mais de dez anos, eu nunca sei qual botão aciona a lâmpada que eu quero. São necessárias ao menos três tentativas (às vezes quatro: sempre que acendo a luz certa eu me engano apagando, achando que acendi errado. Depois disso, acontecem as três tentativas de hábito, já que como eu me enganei acendendo a luz certa achando que era a errada e apaguei, eu recomeço acendendo o interruptor errado). E eu não entendo nem a nomenclatura das salas: sala de jantar e sala de estar. Ninguém aqui janta na sala de jantar. Nossas refeições são sempre na cozinha. Quando a usamos, é para almoço em família. E quando jantamos na sala, vamos para a sala de estar, porque é lá que fica a TV. E sala de estar é um nome que não faz sentido, já que toda sala é sala de estar. Não existe sala de não-estar. Afinal, qualquer sala que você use, você está nela.
Outra situação que me confunde é a hora de trancar ou destrancar uma porta. As duas portas têm a mesma quantidade de chaves e todas as chaves são parecidas. Para não errar, resolvi colar uma etiqueta em cada uma. Uma etiqueta tem a letra “F”, de frente. A outra tem a letra F de fundos. E também não entendo essa de frente e fundos, já que as duas portas dão pro mesmo lado do apartamento. Poderia ser “social” (pra porta que dá pro elevador social) e “serviço” (pra porta que dá pro elevador de serviço). De qualquer forma, etiquetar as chaves com a letra “S” para obedecer a nova nomenclatura não iria ajudar.
Isso é resultado da turma que nomeia as coisas. Fazem pra confundir. Como os anúncios das lojas dizendo “cozinha completa por dez vezes sem juros”. Por acaso alguém compra algum imóvel que venha sem cozinha? Que mania de comprar quartos e cozinhas. Se você precisa disso, melhor dar uma prensa no seu corretor de imóveis. Ele está te vendendo um apartamento incompleto!
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