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terça-feira, 27 de agosto de 2013

ISQUEIRO

No meio da noite, na balada, o isqueiro falha mais do que eu gostaria. Começo a pensar na inconveniência de pedir que alguém acenda o meu cigarro. Por incompetência minha, o gás do isqueiro já estava no fim e eu ia ter que tomar a atitude que sempre reclamei quando alguém se dirigia a mim pedindo esse favor.

Bom, confesso que emprestar o isqueiro não é um grande problema. O problema é que, geralmente, o isqueiro é a segunda coisa a ser pedida. A primeira, é um cigarro. Sim, porque o elemento fuma, mas não compra o maço. O sujeito vai para a balada, sabe que vai querer fumar e não compra cigarro. Lembro-me de uma situação recente, numa sexta-feira, quando uma pessoa inconveniente interrompeu uma conversa agradável que eu tinha com um amigo que não via há tempos:

— Por favor, poderia me dar um cigarro?

Contrariado, puxei um cigarro do maço e joguei para ele. Tentei continuar a conversa com meu amigo, mas reparei que o ser agradável estava plantado ao meu lado. Quando olhei em sua direção, ele me pediu o isqueiro.

Mais tarde, na mesma noite, a cena se repetiu. Fui obrigado a dizer que seria o último cigarro que daria a ele.

No dia seguinte, sábado, no mesmo bar, levei um susto: outra conversa interrompida pelo mesmo rapaz e pelo mesmo motivo. O diálogo seguiu:

— Me dá um cigarro?
— Toda vez que você me encontrar aqui, você vai me pedir um cigarro?
— Mas eu joguei meu maço fora...
— Por quê?
— Parei de fumar...
— Parou de fumar e tá me pedindo cigarro? Por acaso sou obrigado a sustentar vício de marmanjo?

Ele foi embora, sem cigarro.

Foi exatamente nisso que pensei quando me vi sem isqueiro no bar, na noite agradável em que me vi sem isqueiro. Para não me tornar o inconveniente da vez, resolvi voltar pra casa, pensando em passar na lojinha de conveniência do posto para comprar um isqueiro novo. Paguei minha conta, peguei o carro e fui pra casa.

Cheguei em casa, liguei o computador para alimentar o vício dos joguinhos do Facebook e fui acender um cigarro. Foi então que percebi que havia esquecido de passar no posto...

sábado, 24 de agosto de 2013

O BANCO

Ok, ok... Eu confesso! Foi hilário, ridículo e diurético! Eu assumo: caí do banco! Não por culpa minha, mas caí! O banco era de plástico! Parecia um banco daqueles pesados, feitos de madeira e metal, que ficam nos parques. A aparência era idêntica. Talvez eu tenha culpa apenas por me sentar muito na beirada, fora do ponto de equilíbrio formado pelos pés, mas se fosse um banco de madeira, jamais teria virado com o meu peso. Tudo bem, estou gordo, mas não sou capaz de virar um banco pesado apenas sentando nele.

Tudo começou com a vontade de tomar um refresco para aliviar um pouco o calor do meio-dia. Resolvi seguir pela avenida 23 de maio até um posto de gasolina grande e simpático, com uma loja de conveniência grande. Foi ali que tudo aconteceu.

Ao adentrar o ambiente, estacionei o veículo em uma vaga, entrei na loja e peguei uma lata de refrigerante. Paguei e saí da loja. Procurei algum lugar para me sentar. Achei o maldito banco. Abri a lata, puxei as calças para cima e comecei a me sentar para contemplar o singelo congestionamento de uma grande avenida aqui de São Paulo.

Eu confesso ter achado estranha, em um primeiro momento, a sensação de não parar de descer, mesmo já tendo encostado no assento. Quando olhei para o meu lado direito e vi o outro lado do banco vindo em minha direção, eu percebi: estava caindo!

O que aconteceu depois foi muito rápido: a dor no joelho devido à batida no chão (caí ajoelhado), minha testa encostando no retrovisor do carro estacionado à minha frente e a impressão de que todos os olhares do mundo estavam virados em minha direção.

Com o auxílio de apenas uma mão, me levantei com dificuldade, tentando desdobrar os joelhos e impedir que mais refrigerante fosse derramado da lata. Cuidadosamente coloquei o banco de volta no lugar, sem me atrever a olhar ao redor, e sentei, desta vez mais para o centro, como se nada tivesse acontecido.

A arte de disfarçar foi essencial.
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