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sábado, 28 de maio de 2011

BATATINHAS

        Estava sozinho em casa, pensando na vida, quando me lembrei de um fato curioso. Quando eu tocava bastante pela noite da cidade, em geral, depois das apresentações, eu sempre pedia algo para comer. O pedido era simples. Ou eu comia iscas de frango à milanesa, ou um prato com arroz, filé de frango à milanesa e batatas fritas. O segundo era o meu preferido. O filé era grande, mas devido a algumas ocorrências de arroz frio, resolvi trocar por uma porção um pouco maior de batatas. Confesso que, excetuando o recebimento do cachê, essa era a melhor parte.
        Até que um belo dia, o baixista da banda começou a namorar uma menina linda, gentilíssima, inteligente, educada e divertida. Mas como nada (nem ninguém) é perfeito, a moça tinha uma tara por batatas fritas.
        Eu também adoro batatas fritas. O vocalista da banda sempre pedia o mesmo prato e eu, muito esperto, armava alguns truques para afanar algumas batatas do prato dele. Um dos truques, que eu pai me ensinou, era o de chamar a atenção do coitado para outra coisa, um vídeo que passasse no telão do bar, por exemplo. Algo como “olha lá que legal”. E quando o homem virava a cabeça para ver, eu furtava uma batatinha. O truque funcionou algumas vezes, mas ele logo aprendeu. E como se não bastasse, começou a aplicar contra mim. O feitiço virou contra o feiticeiro.
        Mas voltando à moça linda namorada do baixista: como já disse, ela tinha uma tara por batatinhas fritas, se engana quem pensa que ela era sutil. Ela pedia na cara-de-pau! Tudo bem, mas eu não dava. Ora, também sou fissurado em batatas fritas e nem aquele sorriso gentil me faria abrir mão de algumas delas. Costumava ameaçar furar com o garfo a mão de quem tentava se aproximar do meu prato. Mesmo quando era ela.
        Isso, porque eu achava uma injustiça alguém furtar batatas de um pobre músico trabalhador, que havia tocado a noite toda e estava completamente esfaimado. O arroz, ninguém pedia!
        Mas não pensem que ela se comovia com o fato. Quando chegava a comida, ela já pegava o saleiro, salgava as batatas e se punha no grupo de risco de pessoas furadas com garfos. Mas acabei aliviando... em alguns momentos eu deixava que ela pegasse uma. Uma só! Mas eu sabia que era um risco para as minhas batatinhas. Logo, outros começaram a pedir. Precisei me isolar para comer. Ou pedia que fizessem uma “quentinha” pra levar pra casa!
        Tá bom, posso ser egoísta. Da próxima vez eu vou pedir o filé sem batatas e uma porção maior de arroz. Será que alguém vai querer?
        Para finalizar, gostaria de mandar um grande beijo pra essa moça que hoje é uma grande amiga minha (ela não guarda rancores — sorte minha!) e um abraço pro namorado dela, um excelente músico e um grande amigo também.  Vocês dois levantam o astral de qualquer um!

Um comentário:

  1. ahhhhhhh, mas que gostoso encontrar isso aqui, HAHAHAHAHA!

    mas deixe de bobagens: se pedir apenas arroz pra não ter q dividir as batatinhas, tb ficará sem batatinhas!
    acho q esse negócio de se punir pra punir os outros é algo tipicamente masculino, vio? conheço alguém q tb faz isso, kkkkkkkkkkkk.

    bom te ver, amigo. precisamos fazer essas coisas com mais frequência. =]

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