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quarta-feira, 18 de maio de 2011

DIFICULDADE

Certa vez na faculdade, um professor pediu que levássemos um texto qualquer para a aula seguinte. Poderia ser uma poesia, uma notícia, uma entrevista, uma piada, enfim, qualquer tipo de texto. A autoria poderia ser própria ou não. O nível de formalidade também era livre. Esse diálogo, de minha autoria, foi o que escolhi para levar.

Personagem 1- Opa...
Personagem 2- Opa...
Personagem 1- O que está fazendo?
Personagem 2- Estou tentando escrever um texto.
Personagem 1- Pra quê?
Personagem 2- Pra faculdade. O professor pediu.
Personagem 1-  Entendi. Quer ajuda?
Personagem 2- Não. Prefiro fazer sozinho.
Personagem 1- Mas você não está conseguindo...
Personagem 2- Estou com dificuldade em achar um tema interessante. Não sei por onde começar...
Personagem 1- Comece assim: “Querido professor...”
Personagem 2- Hum... não acho bom um estudante universitário começar um texto com “querido professor”. Além disso, existe um outro problema...
Personagem 1- Qual?
Personagem 2- Tem gente que me atrapalha, não me deixa pensar...
Personagem 1- Hum... isso é chato mesmo.
Personagem 2- Põe chato nisso! Sabe como é, tem gente que não se toca de que está atrapalhando...
Personagem 1- É verdade. Graças a Deus eu tenho bom senso...
Personagem 2- Dá pra perceber isso...
Personagem 1- Que bom que notou!
Personagem 2- É. Notei. Agora, por gentileza, eu preciso terminar esse trabalho...
Personagem 1- Te ajudo! Que tal começar assim: “batatinha quando nasce...”
Personagem 2- Não! Por favor...
Personagem 1- Não pode ser poema?
Personagem 2- Pode sim. Pode ser qualquer tipo de texto, mas esse poema é muito básico.
Personagem 1- Qualquer tipo de texto?
Personagem 2- Sim... conto, diálogo, poema, piada...
Personagem 1- Piada! Conheço várias boas...
Personagem 2- Chega! Poderia me dar sossego?
Personagem 1- Sim claro. Mas me diz uma coisa... pode ser qualquer texto?
Personagem 2- Ah, meu Deus!
Personagem 1- Boa! Escreva uma oração!
Personagem 2- Você poderia sumir daqui? Já incomodou bastante!
Personagem 1- Só estou tentando ajudar...
Personagem 2- Mas está atrapalhando!
Personagem 1- Mas me sinto na obrigação de ajudar, desde quando você me salvou daquela enchente na última chuva de granito!
Personagem 2- Granizo...
Personagem 1- Sim... te devo minha vida!
Personagem 2- Preferia que você não me devesse nada...
Personagem 1- Não me fale em nadar! Tenho trauma de água desde a última chuva. Tive de ser remoído pro hospital...
Personagem 2- Removido! E fui eu que te levei.
Personagem 1- Eu lembro...
Personagem 2- Agora, por favor, retire-se e me deixe escrever...
Personagem 1- Tô deixando... tô deixando...vou ficar quieto.
Personagem 2- Ótimo! Mas fique quieto lá longe, ok?
Personagem 1- Ok... Só mais uma coisa...
Personagem 2- Ah, meu Deus!
Personagem 1- Por que você não escreve essa nossa conversa?
Personagem 2- Deus me livre! O professor me daria nota zero se eu fizesse isso...

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