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quinta-feira, 28 de julho de 2011

NÃO COMPLIQUE


Existem dois tipos de pessoas relacionadas ao computador. O primeiro grupo é o de desenvolvedores (softwares e hardwares – para quem não sabe, software é o que você xinga e software, o que você chuta) e usuários. Pois bem. Os dois grupos de pessoas possuem membros que não aprenderam ainda que o computador não foi criado para resolver problemas que antes nós não tínhamos. Ele foi criado para facilitar a nossa vida, deixando tudo mais rápido e com uma qualidade, se não superior, pelo menos igual a que era obtida antes.

Por exemplo: alguns usuários insistem em contar piadas usando o Power Point. O Power Point é um software para visualização de slides (aquelas fotinhos que antes precisávamos de uma máquina com filme e revelação especial, que vinham bem pequenas, emolduradas, e que exigiam o uso de uma máquina chamada projetor, cuja luz projetada na parede (ou qualquer superfície branca), ao atravessar o slide, mostrava a foto em tamanho grande. 

O projetor era infernal: além de exigir filme e revelação especial, os slides, depois de prontos, eram colocados em um carrinho que corria por um trilho, que passava pela luz e, nesse ponto, um gancho puxava o slide da vez, que era posicionado em frente à luz e era feita a projeção. Geralmente, quem era canhoto aparecia destro e era freqüente aparecer pessoas de ponta-cabeça, já que ninguém tinha paciência de olhar a foto antes de colocá-la no carrinho. 

O Power Point surgiu para facilitar esse processo, mas o péssimo uso de quem não tem o que fazer, fez com que os slides continuassem a ser infernais. Com os recursos de fotos (ou qualquer outro tipo de imagem), textos, vídeos e música, uma simples piada vira uma atração à parte. O que poderia ser escrito no próprio editor de e-mails, se torna um circo com sons (geralmente músicas ridículas), muitos cliques para se chegar ao final da piada e imagens de todo tipo distraindo a atenção de quem lê. Como se não bastasse, a ótima escolha de cor da fonte e do fundo, fazem com que os olhos peçam perdão por todo mal que fizeram.

O final da piada sempre trás algum desses itens: Mutley rindo, Jerry rindo, um bebê qualquer rindo ou um gato qualquer, rindo. Criatividade exemplar. Principalmente porque depois de tudo isso, o leitor não está rindo.

Outro assunto super interessante que é muito usado para enviar esses arquivos por e-mails, é o turismo. Alguém já me viu comentando que eu adoraria conhecer as florestas da Indonésia? Ou alguma igreja? Ou canais de Veneza? Pois bem, se eu tiver alguma curiosidade quanto a assuntos tão intrigantes quanto esses, eu pesquiso no Google.

 Piadas são legais, adoro receber, mas elas são engraçadas devido à três fatores: Ridicularização do personagem, situação esdrúxula e fator surpresa. Isso, se consegue falando ou escrevendo. Mas entupir de fotos e músicas, tira a atenção de quem lê e esses fatores perdem sua função.
Esse tipo de coisa, acaba atrasando a vida de quem tem mais o que fazer, já que um texto que poderia ser lido e poucos minutos, demora vários.

Power Point é o câncer da internet. Geralmente demora para vir, demora para enviar, demora para fazer e demora para ler. Isso é ferramenta de palestrante, turma. Não é para entupir caixas de correio eletrônico alheia.

Mas se você acha mesmo que a vida sexual das abelhas africanas é realmente fascinante e essa é uma informação que deve ser dividida com todos, crie um site com seus maravilhosos slides e dê o endereço que, quem quiser, entra e vê.

domingo, 24 de julho de 2011

27 ANOS

Eu não serei falso a partir de agora dizendo que morria de amores por ela. Mas também não serei radical ao extremo dizendo que a morte dela não me deixou triste. O fato é que não vou lamentar a morte de uma pessoa que pedia por isso há um certo tempo. Vou lamentar, sim, a perda de uma voz boa, que enriquecia o cenário musical com músicas de verdade.

Amy Winehouse mostrou a todos nós que o talento ainda vale (mesmo que pouco) e ainda é admirado, embora não pareça. Diante de tanto lixo, ela surgiu cantando melodias que valiam a pena serem ouvidas. Acho que esse é o seu maior mérito. 

Quando as pessoas se admiravam com sua voz, eu dizia que não era nada demais, quando comparada aos artistas antigos. O que fez dela uma excelente cantora, foi a queda dos padrões artísticos nos dias atuais. Mas é claro que isso não desmerece sua competência, mas não acho justo endeusar alguém que não faz mais do que a obrigação. No caso dela, uma cantora, a de cantar bem. Nos tempos de Pro Tools e Auto Tune, achar alguém que consiga soltar a voz usando apenas um microfone, é comparável a achar uma carteira cheia de dinheiro na rua.

Ela morreu com 27 anos. Vítima de si mesma, consumindo álcool e drogas, como tantos outros por aí, incluindo famosos. Alguns falam na maldição dos 27, apegando-se ao fato de que outros artistas de expressão passaram para o lado de lá com a mesma idade. Se existe maldição, eu não sei. O que eu sei é que, no caso dela, houve desequilíbrio, abusos e talvez, um pouco de insegurança.

O gerente do pub que ela freqüentava, alegou que ela era uma cliente exemplar e que fará muita falta. Claro. Um alcoólatra rico sempre fará falta nos pubs. Mas seria melhor se ela fizesse falta lá (por parar de beber) e não fizesse falta aqui (continuando viva), para mostrar aos “novos talentos” que mesmo ela, sendo apenas uma boa cantora, ainda teria muito o que ensinar. E esse ensinamento não viria de uma tragédia, dando o exemplo errado, para mostrar aonde se pode chegar com os abusos. Ele viria da competência de quem sabe fazer aquilo que se propôs a fazer. E seria bem mais positivo.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

VETERINÁRIO


Ontem foi dia de visitar o veterinário. Não porque eu esteja com algum problema. Até que eu não me importaria de ser examinado pela veterinária, que é muito lindinha. Mas foi para levar as minhas gatas que eu fui lá. E é aí que começa a zona. Alguém sabe o sufoco que é levar bichanos medrosos ao veterinário?

A briga começou quando elas viram as caixas de transporte, chamadas por mim de “corrupto”, em homenagem a um quadro do extinto programa de humor do Jô Soares, em que ele interpretava um personagem que criava um corrupto (como se fosse um bicho) e ele usava uma dessas caixas, onde seu animal de estimação supostamente ficava e era alimentado por notas de dólar. Quando eu pego os “corruptos”, as duas se escondem.

Para achá-las, é um sacrifício. Isso porque elas se escondem em lugares que nem eu sei que existem. Quando eu consegui cumprir essa primeira tarefa, tive de enfrentar a segunda: pegá-las! Não adianta, elas grudam aonde quer que seja, depois de me fazer cair no chão várias vezes, na quase inútil tentativa de capturá-las. Alguns tombos e arranhões depois, é hora de levá-las até as caixas. Uma delas, inclusive, faz questão de manifestar seu protesto urinando por todo o apartamento (incluindo minha camiseta).

A tarefa mais difícil é fazê-las entrar na caixa. É impressionante como os gatos ficam muito maiores do que a entrada da caixa. E ao tentar enfiá-las lá dentro, elas usam as quatro patas para tentar bloquear a passagem. E eu só tenho duas mãos, sendo que uma, estou usando para segurar o animal. A impressão que dá é que em vez de gato, estou tentando colocar um polvo lá dentro.

O problema é que não é possível fazer isso com as duas ao mesmo tempo. Primeiro tem que ser com uma e depois com a outra, duplicando meu stress. Uma vez presas, é hora de tomar um banho e trocar a roupa mijada. 

Na hora de sair, preciso vencer o coração mole e ignorar os miados angustiados das duas. Também preciso entrar no elevador e enfrentar o cão mais selvagem do prédio, cujo dono insiste em levá-lo para passear ao mesmo tempo em que meus singelos animais são obrigados a dividir o minúsculo espaço de um elevador com essa fera. Me lembrem de criar um leão da próxima vez.

Mas o sufoco valeu a pena. A veterinária era linda. Mas acho que já falei isso.

Em casa, na hora de colocá-las dentro da caixa, vejo que a caixa é muito pequena. Na clínica, ao tentar tirá-las lá de dentro para o exame, vejo como a caixa parece grande, com as duas encolhidas lá no fundo, como se a caixa passasse a ter uns dois quilômetros de comprimento. O mesmo processo “polvo” que bloqueava a entrada na caixa, se repete, dessa vez do lado de dentro, bloqueando a saída. Inferno. Detalhe: é uma caixa para cada gata. São duas gatas e duas caixas. Portanto, são dois trabalhos.

Mas afinal, o que não fazemos pelo bem-estar de nossos animais de estimação? Se fosse preciso voltar lá hoje, faria tudo de novo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

VAMOS ÀS COMPRAS


Costumava ser uma tarefa fácil ir ao mercado. Mas depois de certo tempo sem ir, parece que nunca havia feito antes. 

A primeira parada é o hortifruti. Tudo bem. Acompanhando minha avó durante as compras, até mesmo para ajudá-la, acabei atrapalhando. E bastante. Eu só sei comprar produtos industrializados. As três únicas coisas que observo nesses casos são: preço, data de validade e se eu gosto. Agora, verduras, legumes e frutas, não faço a mínima idéia. 

Primeiro, minha avó me pede para comprar abacates. Pede para que escolha algum já mais maduro, que não esteja verde. Mas todos os abacates são verdes. Quando voltei sem nada, tentando explicar que não havia nenhum que não estivesse verde, ela acabou me deixando sozinho, falando, e foi ela mesma escolher.

Em seguida, pediu que eu pegasse mais saquinhos plásticos para guardar as frutas. Vi o carrinho com algumas compras próximo à bancada das laranjas e nele, alguns saquinhos. Peguei os tais sacos plásticos, enquanto avisava a minha avó que ela ainda tinha alguns no carrinho. Nesse momento, sai de trás da bancada das laranjas uma velhinha gritando que aqueles saquinhos são dela. Ao ver o carrinho de compras da minha avó do outro lado, pedi desculpas à senhora e perguntei em seguida: E os da minha avó, onde estão?

Depois de comprar os ovos, pães, presunto e queijo, encontrei minha avó escolhendo alguns abacaxis. Cheguei à conclusão que o maior abacaxi ali era eu mesmo. Um dia eu aprendo.

Na fila do caixa, encontro a pobre velhinha que quase perdeu seus saquinhos, olhando para mim, tentando proteger suas compras, como quem diz: desafasta!

E depois disso, ainda fomos ao mercado. Acho que ela nunca mais vai me chamar para ajudar.

sábado, 16 de julho de 2011

DE QUEM É A CULPA?

Essa é a pergunta que me faço, todas as vezes que vejo que alguém foi injustiçado. Talvez, “injustiçado” não seja a palavra correta, já que em alguns casos, a culpa acaba ficando por conta de mais de uma pessoa. Vejamos:

O indivíduo dirige um Porsche a 150km/h, onde obviamente não é permitida tal velocidade, causa um acidente e mata uma pessoa. Ele é culpado? Sim, claro que é. Isso é fato. Não há discussão quanto à isso. O problema é que a vítima ultrapassou o semáforo enquanto a luz vermelha ainda estava acesa. Parto do princípio de que, se ela não ultrapassasse, o homem poderia passar a 300km/h e nada teria acontecido. Pelo menos não ali, não naquele momento. Não com ela. 

É importante citar um acidente presenciado por mim: eu dirigia um pouco atrás de outro veículo, em uma via sem sinal. Porém, uma rua importante, preferencial. Cruzando essa rua, um terceiro veículo, vindo de uma via secundária (onde existe sinalização para parar antes de atravessar), passa direto e atinge o carro que estava à minha frente. Nenhum de nós estava a mais de 60km/h. Quero dizer, com isso, que não é só a velocidade que causa o acidente. Talvez, em casos como esse, a velocidade conte menos do que a imprudência de passar sem a devida atenção. Mas, no caso da vítima do pseudo-piloto de corrida, como houve morte, sua parcela de culpa foi ignorada.

As pessoas defendem a pobre moça culpando, entre outras coisas, a violência da cidade grande. De fato, o risco de assalto existe e, uma pessoa sozinha na rua a essa hora, parada em um farol, é uma vítima em potencial. Se até as autoridades admitem isso, quero o total ressarcimento do valor pago em uma multa que tomei, ao proceder da mesma forma que ela, de madrugada, ultrapassando um semáforo com a luz vermelha acesa.

Outro caso que me deixou impressionado foi um ladrão, que ao invadir uma casa, levou dois tiros no peito e morreu. Já estão com pena do ladrão e culpam o dono da casa (já assaltada diversas vezes), uma vez que ele preparou uma armadilha que, ao abrir a porta, dispara duas armas fabricadas em casa, que ficam apontadas para a porta. O curioso é que a notícia estava na mesma página onde duas outras notícias foram relatadas: a de um arrastão na avenida Ibirapuera e de um ladrão que atirou em uma mulher ao tentar roubar seu carro. Ótimo. 

Foram dois casos onde, no meu humilde julgamento, as culpas não foram distribuídas corretamente. Se um mata um ladrão, alguns defendem que a culpa é do ladrão que não deveria ter invadido a casa. Outros, culpam o dono que matou um ser humano. Se outro dirige criminosamente a 150km/h e mata uma outra pessoa que passa o farol vermelho com medo de assaltos, uns defendem a vitima, com o argumento de que não se pode dirigir a essa velocidade. Outros culpam a moça por passar o sinal vermelho. 

Mas ninguém se deu conta (ou ignoraram o fato) de que em ambos os casos (e em tantos outros), existe um denominador comum: a violência urbana. Se não fosse por isso, o motorista do Porsche seria culpado sozinho por algum acidente que eventualmente causasse e seria responsabilizado por dirigir desse modo. E a vida de uma pessoa seria poupada. Assim como o dono da casa não sentiria a necessidade de fazer uma armadilha para pegar ladrões, sua casa jamais teria sido assaltada e mais uma vida humana seria preservada.

Mas volto a perguntar: De quem é a culpa?
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