Essa é a pergunta que me faço, todas as vezes que vejo que alguém foi injustiçado. Talvez, “injustiçado” não seja a palavra correta, já que em alguns casos, a culpa acaba ficando por conta de mais de uma pessoa. Vejamos:
O indivíduo dirige um Porsche a 150km/h, onde obviamente não é permitida tal velocidade, causa um acidente e mata uma pessoa. Ele é culpado? Sim, claro que é. Isso é fato. Não há discussão quanto à isso. O problema é que a vítima ultrapassou o semáforo enquanto a luz vermelha ainda estava acesa. Parto do princípio de que, se ela não ultrapassasse, o homem poderia passar a 300km/h e nada teria acontecido. Pelo menos não ali, não naquele momento. Não com ela.
É importante citar um acidente presenciado por mim: eu dirigia um pouco atrás de outro veículo, em uma via sem sinal. Porém, uma rua importante, preferencial. Cruzando essa rua, um terceiro veículo, vindo de uma via secundária (onde existe sinalização para parar antes de atravessar), passa direto e atinge o carro que estava à minha frente. Nenhum de nós estava a mais de 60km/h. Quero dizer, com isso, que não é só a velocidade que causa o acidente. Talvez, em casos como esse, a velocidade conte menos do que a imprudência de passar sem a devida atenção. Mas, no caso da vítima do pseudo-piloto de corrida, como houve morte, sua parcela de culpa foi ignorada.
As pessoas defendem a pobre moça culpando, entre outras coisas, a violência da cidade grande. De fato, o risco de assalto existe e, uma pessoa sozinha na rua a essa hora, parada em um farol, é uma vítima em potencial. Se até as autoridades admitem isso, quero o total ressarcimento do valor pago em uma multa que tomei, ao proceder da mesma forma que ela, de madrugada, ultrapassando um semáforo com a luz vermelha acesa.
Outro caso que me deixou impressionado foi um ladrão, que ao invadir uma casa, levou dois tiros no peito e morreu. Já estão com pena do ladrão e culpam o dono da casa (já assaltada diversas vezes), uma vez que ele preparou uma armadilha que, ao abrir a porta, dispara duas armas fabricadas em casa, que ficam apontadas para a porta. O curioso é que a notícia estava na mesma página onde duas outras notícias foram relatadas: a de um arrastão na avenida Ibirapuera e de um ladrão que atirou em uma mulher ao tentar roubar seu carro. Ótimo.
Foram dois casos onde, no meu humilde julgamento, as culpas não foram distribuídas corretamente. Se um mata um ladrão, alguns defendem que a culpa é do ladrão que não deveria ter invadido a casa. Outros, culpam o dono que matou um ser humano. Se outro dirige criminosamente a 150km/h e mata uma outra pessoa que passa o farol vermelho com medo de assaltos, uns defendem a vitima, com o argumento de que não se pode dirigir a essa velocidade. Outros culpam a moça por passar o sinal vermelho.
Mas ninguém se deu conta (ou ignoraram o fato) de que em ambos os casos (e em tantos outros), existe um denominador comum: a violência urbana. Se não fosse por isso, o motorista do Porsche seria culpado sozinho por algum acidente que eventualmente causasse e seria responsabilizado por dirigir desse modo. E a vida de uma pessoa seria poupada. Assim como o dono da casa não sentiria a necessidade de fazer uma armadilha para pegar ladrões, sua casa jamais teria sido assaltada e mais uma vida humana seria preservada.
Mas volto a perguntar: De quem é a culpa?
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