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terça-feira, 24 de setembro de 2013

REFLEXÕES


Descendo a rua a pé, vejo um homem e uma mulher conversando e andando em sentido contrário ao meu. Ao passar por eles, ouço parte da conversa. O homem diz:

— A vera não sabe se expressar.

Ok. Não sei quem é a Vera e não to nem aí se ela sabe ou não se expressar. O ponto aqui, diz respeito à dicção do homem. Ele falou de uma forma que a palavra “expressar” poderia ter sido facilmente confundida com “estressar”. No meu caso, foi o que aconteceu. Eu cheguei à conclusão de que ele disse “expressar”, depois de imaginar que seria difícil alguém não saber se estressar. Depois disso, enquanto terminava a minha caminhada, fiquei tentando imaginar alguém que se estressa sem saber muito bem como fazer isso.

Uma das principais características do stress é subir o tom da voz (na verdade, acho que seria subir a intensidade da voz, já que não é sempre que alguém que grita passa a emitir um timbre mais agudo, mas enfim...). Imagine agora alguém que não sabe subir o tom de voz: ao gritar, a pessoa falaria com a voz em um volume mais baixo, o que, definitivamente, confundiria o interlocutor.

Outra característica marcante do stress é a fisionomia de quem está nervoso. No caso da pessoa que não sabe se estressar, a fisionomia ficaria de que jeito? Cada vez mais alegre ou cada vez mais calma? Talvez as duas formas.

Isso me faz imaginar como alguém com fala mansa e fisionomia pacífica pode ser considerada em estado de stress. É de confundir. Imagine conversar com alguém que está estressado, mas parece estar tranquilo e, de repente, a pessoa sofre um ataque cardíaco ou começa a chorar compulsivamente; ou até parte para a violência.

Desse jeito, a coisa fica confusa mesmo. Mas por quê? Porque a pessoa não sabe se estressar. Mas o stress é uma forma de mostrar que algo não está agradando. Portanto, arrisco  dizer que é uma forma de comunicação. A comunicação é feita por expressões, tanto linguísticas quanto corporais (um simples sorriso pode dizer, sem palavras, que você gostou de alguma coisa). Portanto cheguei à conclusão que uma pessoa que não sabe ser estressada, também não sabe se expressar (pelo menos em parte).


Por isso percebi que, no caso da Vera, não saber se expressar ou não saber se estressar, dá no mesmo, caso a expressão a que o homem se referiu veio de um momento de stress que a Vera pode ter passado. Porém, se a Vera não passou por nenhum stress, toda essa reflexão foi inútil.

2 comentários:

  1. Depende pra quem. Pra Vera? Ah! Isso foi. Mas toda reflexão tem uma utilidade, que seja catártica, como o ato relatado. Pra mim, não foi. Pra você, também não. Produziu um texto.
    :)

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