Descendo
a rua a pé, vejo um homem e uma mulher conversando e andando em sentido
contrário ao meu. Ao passar por eles, ouço parte da conversa. O homem diz:
—
A vera não sabe se expressar.
Ok.
Não sei quem é a Vera e não to nem aí se ela sabe ou não se expressar. O ponto
aqui, diz respeito à dicção do homem. Ele falou de uma forma que a palavra “expressar”
poderia ter sido facilmente confundida com “estressar”. No meu caso, foi o que
aconteceu. Eu cheguei à conclusão de que ele disse “expressar”, depois de
imaginar que seria difícil alguém não saber se estressar. Depois disso,
enquanto terminava a minha caminhada, fiquei tentando imaginar alguém que se
estressa sem saber muito bem como fazer isso.
Uma
das principais características do stress é subir o tom da voz (na verdade, acho
que seria subir a intensidade da voz, já que não é sempre que alguém que grita
passa a emitir um timbre mais agudo, mas enfim...). Imagine agora alguém que
não sabe subir o tom de voz: ao gritar, a pessoa falaria com a voz em um volume
mais baixo, o que, definitivamente, confundiria o interlocutor.
Outra
característica marcante do stress é a fisionomia de quem está nervoso. No caso
da pessoa que não sabe se estressar, a fisionomia ficaria de que jeito? Cada
vez mais alegre ou cada vez mais calma? Talvez as duas formas.
Isso
me faz imaginar como alguém com fala mansa e fisionomia pacífica pode ser
considerada em estado de stress. É de confundir. Imagine conversar com alguém
que está estressado, mas parece estar tranquilo e, de repente, a pessoa sofre
um ataque cardíaco ou começa a chorar compulsivamente; ou até parte para a
violência.
Desse
jeito, a coisa fica confusa mesmo. Mas por quê? Porque a pessoa não sabe se
estressar. Mas o stress é uma forma de mostrar que algo não está agradando. Portanto,
arrisco dizer que é uma forma de
comunicação. A comunicação é feita por expressões, tanto linguísticas quanto
corporais (um simples sorriso pode dizer, sem palavras, que você gostou de
alguma coisa). Portanto cheguei à conclusão que uma pessoa que não sabe ser
estressada, também não sabe se expressar (pelo menos em parte).
Por
isso percebi que, no caso da Vera, não saber se expressar ou não saber se
estressar, dá no mesmo, caso a expressão a que o homem se referiu veio de um
momento de stress que a Vera pode ter passado. Porém, se a Vera não passou por
nenhum stress, toda essa reflexão foi inútil.
Depende pra quem. Pra Vera? Ah! Isso foi. Mas toda reflexão tem uma utilidade, que seja catártica, como o ato relatado. Pra mim, não foi. Pra você, também não. Produziu um texto.
ResponderExcluir:)
:-)
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