Você
já tentou dar remédio para um gato? Achou fácil? Pois eu não acho. Aqui em
casa, sempre que precisamos dar remédio para minha gatinha, montamos um campo
de batalha. A guerra começa na busca pelo alvo, que acha cantos para se
esconder que eu mesmo nunca reparei. Depois, outra pessoa munida de uma toalha
me espera enquanto eu carrego a gata no colo até a cozinha, onde ela é
embrulhada na toalha, para evitar arranhões. Só a cabeça fica para fora. Mesmo
assim, é necessária certa força para segurar a singela criatura, que está
pronta para fugir a qualquer momento. Por isso, quando estou sozinho, levo a
bichana ao veterinário, que simplesmente abre a boca, joga o remédio goela
abaixo e em menos de três minutos acabou toda a operação, que aqui, demora vinte.
E eu sempre tenho a impressão que um dia será ela que irá nos dar os malditos
comprimidos.
Foi
o que aconteceu ontem. Sozinho e com horário — do remédio, às oito da noite e
um ensaio as nove, cacei o animal, outrora singelo, agora uma verdadeira besta,
coloquei na caixa de transporte e fiz outra descoberta: toda vez que vai
urinar, ela armazena um pouco, para jogar em mim enquanto eu luto para
coloca-la dentro da caixa. E assim, seguimos.
Cheguei
de volta em casa mais ou menos oito e quinze da noite, ainda precisando jantar
e preocupado com o horário marcado para o ensaio, nove horas, longe da minha
casa. Ainda no caminho, precisei parar no posto para comprar meus cigarros.
Cheguei
no estúdio as nove horas da noite, em ponto. Confesso que deveria ter chegado
antes, mas devido às complicações felinas, atrasei.
Toco
a campainha do estúdio e, para minha surpresa, ninguém está lá, a porta está
fechada e o homem que atendeu o interfone disse que não havia ensaio nenhum
marcado. A tecnologia 4G me permitiu entrar em contato com um integrante da
banda, que me confirmou: o ensaio é na quarta!
Tudo
bem. Amanhã serei mijado mais um pouco e serei humilhado pela veterinária, que
vai me mostrar como se dá remédio para gato. E eu não vou aprender.
E
na quarta, se ninguém cancelar, farei o replay
de ontem — xixi de gato-veterinário – casa-janta-ensaio.
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