Ontem,
no debate entre os candidatos à presidência, não pude deixar de notar a dificuldade
que a candidata à reeleição tinha para se expressar. Essa dificuldade vinha não
só da organização de raciocínio (e a perda dele), mas também em vários errinhos
de português. Falta ou excesso de plural, conjugação verbal errada e outras
coisas do tipo, além da dificuldade em desenvolver o começo, meio e o fim do
que pretende perguntar/explicar/responder, marcaram sua fala.
Em
um vídeo recente (bom, pelo menos acho que é recente, eu só vi há pouco tempo),
ela defende uma diminuição do número de matérias na escola, que hoje, são doze.
Depois, vejo sua atuação no debate (assim como e outros) e me pergunto: por
acaso ela quer que o povo, no futuro, seja ainda pior do que ela? Pela idade
que tem, com toda certeza ela pertence a uma geração que teve um ensino puxado,
e, ainda assim, comete tantas gafes quando se pronuncia. Imagina como será o
candidato à presidência em 2050, caso seus planos funcionem!
Paralelo
a isso, muitas pessoas defenderam a candidata com argumentos do tipo “isso é um
debate presidencial, não um concurso de oratória”. Claro, notei. Mas se quem se
candidata a ser o representante do povo brasileiro perante o mundo, quem pretende
assinar em nosso nome acordos internacionais, quem pretende investir nosso
dinheiro, tem que, pelo menos, saber falar.
O
que acontece é que esse é um pensamento recorrente. Se você é professor de
português ou trabalha com algo que se relacione à nossa língua, tudo bem. É sua
obrigação sabê-la. Caso contrário, você não tem a menor obrigação de falar
corretamente. Já vi, em minha época de escola, um aluno defender uma professora
de matemática que falava errado, que ela não tinha que saber falar corretamente
porque era professora de matemática e não de português. Discordo. Antes de
tudo, ela é uma educadora. Não interessa qual a matéria que ensina. É através
da língua que ela exerce a função. Assim como a presidente. Assim como todos
nós.
Eu
me metia em muitas discussões, antigamente, com um dos membros da banda na qual
eu tocava, porque ele falava errado e eu corrigia. Eu sempre gostei de ser
corrigido porque eu passava vergonha uma única vez — no momento da correção — e
depois, falava direito. Sempre preferi isso do que não ser corrigido e passar
vergonha, sem nem saber, várias vezes. Esse músico ficava bravo (muito) porque,
se eu não era um professor de português, eu não deveria corrigi-lo. Pura
ignorância, claro. Se eu sei mais, por que não ensinar? Da mesma forma, se sei
menos, por que não aprender?
Eu
vejo nisso tudo uma valorização da ignorância, certo orgulho de pertencer ao
grupo dos meros mortais que pouco sabem a respeito da própria língua que falam,
e não ao grupo dos super gênios que sabem toda a gramática de cabeça.
Sinceramente eu me orgulho de não pertencer a nenhum dos dois. Pertenço ao
grupo dos que ainda terão que consultar a gramática e os dicionários muitas
vezes ainda, e sabem disso! A nossa língua é complicada mesmo, e eu não sou um expert, longe disso, ainda preciso
aprender muito. Caso queira ler meus textos com uma gramática na mão, é
possível que você ache vários erros (por gentileza, me avise), mas isso não
deve me impedir de expressar minhas ideias. Pelo contrário, prefiro que alguém
aponte uma (ou várias falhas) para que eu possa corrigi-las, do que mantê-las
em meu raciocínio como se fizessem todo o sentido.
Isso
é o que eu acho essencial, não só para quem almeja a liderança de uma nação,
mas para todos. Não importa qual é a sua atividade. É através da língua que
você expressa seus pensamentos e ideias, seu raciocínio e suas vontades. Por
isso não acho nada demais que a candidata estude melhor antes de falar. E que
não torne a vida dos estudantes mais fácil, e sim, mais culta.
PS:
Antes que venham os esquerdistas defensores da candidata me atacar politicamente,
deixo claro aqui que também flagrei erros do seu adversário. Embora em menor
número.
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