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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

PAUSA

Na música, usamos a pausa para dar respiro, swing e espaço, para que a divisão rítmica se desenrole com fluência e para que haja diferenciação entre as partes da música. Enquanto alguns instrumentos tocam uma coisa, outros tocam outra. E a pausa serve justamente para que nenhum seja atropelado, causando uma confusão sonora constante, uma reunião de barulhos que, juntos, tornam-se indefiníveis.


Na música escrita, existem alguns símbolos para indicar que ali deve haver uma pausa. Cada símbolo corresponde ao tempo que a pausa deve durar. No texto escrito, temos os sinais de pontuação, como vírgula, ponto final e reticências. Na língua falada, temos a própria respiração.


Na música, dizemos que o silêncio (pausa) é tão importante quanto o som (nota) e os dois devem ser equilibrados de forma a traduzir em ondas sonoras aquilo que queremos mostrar.


O mesmo acontece com a fala: se pronunciamos as palavras sem fazer uso da respiração, nosso discurso fica sem sentido e nós ficamos roxos pela falta de ar. Assim como na música, a fala também exige um equilíbrio entre o som (sílabas, palavras) e a pausa (respiração, silêncio). A respiração ajuda, inclusive, na entonação da voz. É através da respiração que conseguimos falar mais alto ou acentuar alguma parte do discurso.


A afirmação que o equilíbrio entre as palavras e a respiração é importante. Mas notem bem: estou falando de equilíbrio. Discursos como o da presidente, com muito mais espaços do que palavras, causa o mesmo efeito do discurso sem pausas: ninguém entende!


Muitas pessoas dizem que a presidente baseia seus discursos na mentira. Outro tanto diz que ela se baseia na verdade. Pois eu digo que a verdade incontestável é que ela baseia seus discursos na pausa. Eu não cronometrei, mas acredito que se somarmos os tempos de pausa e som de cada um de seus discursos, a pausa ficaria em primeiro lugar.


Suas falas foram muito confusas (como na maioria dos casos) e a confusão foi até citada pelo seu concorrente durante o debate. Eu atribuo isso aos espaços vazios entre uma sílaba e outra. Sim, sílabas e não palavras. É o tempo da pausa em exagero, como se lhe faltasse o ar a cada segundo, que propicia um melhor desenvolvimento de raciocínio para terminar o discurso. O problema é que a cada espaço, era possível notar que o raciocínio não havia sido bem desenvolvido, então ela desistia e começava de novo, a partir de outro ponto que não foi dito anteriormente.


Não acho que os discursos da presidente sejam desconexos — para ela. Afinal, ela segue uma linha de raciocínio para falar. Só esquece de nos mostrar qual é.

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