O Rigoberto ganhou um carro porque passou no vestibular. O Rigoberto tem a mensalidade da faculdade paga pelo pai. O Rigoberto vai ganhar de sua avó uma viagem de intercâmbio para aprimorar o inglês. O post do Rigoberto tem feito algum sucesso no Facebook.
O Rigoberto passou no vestibular. Estudou e passou e foi premiado com um carro, porque sua família pôde fazer isso. Talvez o Rigoberto não tenha emprego, por isso seu pai paga a mensalidade da faculdade na qual ele passou. Sua avó vai pagar uma viagem de intercâmbio para que ele aprimore uma segunda língua que ele já sabe, mas provavelmente precisa aprender mais, para se dar melhor no competitivo mercado de trabalho. Rigoberto é a favor de ensinar a pescar em vez de dar o peixe. E é isso que ele está fazendo. Está aprendendo a pescar. Se ele pensa assim, é porque foi ensinado por sua família que este é o modo correto.
É verdade que nem toda família brasileira pode premiar seus filhos por suas conquistas. Aliás, não é dito na curta biografia do Rigoberto o quanto seus pais e avós apanharam da vida até que aprendessem a pescar sozinhos, para poder, no futuro, dar tantos peixes para ele — sem, no entanto, deixar de ensiná-lo a pescar. O que a família do Rigoberto proporciona é um, digamos, melhor treinamento na pescaria (o que, provavelmente, não tiveram).
Isso é o que os defensores fanáticos dos programas sociais precisam entender. O Estado, dando o peixe sem ensinar a pescar, termina por ser pior do que os pais do Rigoberto.
Não quero, contudo, ir pela contramão de projetos que auxiliem quem realmente precisa, contanto que tenha um fim, para que os ajudados de hoje, possam ser a família de outros Rigobertos no futuro.
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