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segunda-feira, 16 de maio de 2011

ERUCTEMOS, POIS!

Incrível. Acabei ler um blog, que por razões óbvias não vou dizer qual é, que coloca alunos de uma universidade disputando o primeiro lugar em algumas categorias de gêneros literários, como forma de estimular a produção de textos. Não convém dizer quais são os prêmios, mas de forma geral, os textos são bons. O que me incomoda um pouco é a pseudo-intelectualidade de gente que bebe groselha e vomita champanhe importada, afastando-se de quem realmente são. Influência de poetas e compositores, muitos dos quais eram obrigados a disfarçar o que diziam para que não houvesse uma perseguição por parte dos militares. Pois esse tempo acabou, mas as conseqüências ficaram.

Acho interessante um trabalho artístico bem acabado. Eu mesmo tento dar o melhor acabamento possível aos meus textos. Mas faço isso sem fugir da minha personalidade. O bom acabamento é fundamental para a beleza da arte, seja qual for. Mas devemos sempre lembrar que a arte é um reflexo de seu tempo. Além de ser o reflexo de seu artista. Portanto, o artista que bebe groselha, deverá arrotar groselha. Para continuar sendo o que é, para continuar mostrando suas influências, de onde veio, o que sabe sobre o mundo. A beleza não está em transformar groselha em champanhe e sim em mostrar que groselha também é bom, embora não seja adequada em determinados contextos.

Quem lê esse texto pode inferir que eu sou contra a linguagem formal. Porém, essa é uma conclusão errada. Sou contra o uso da linguagem formal quando esta não faz parte do cotidiano do artista. Pelo puro prazer poético, pelo simples fato de que é assim que se faz ou pelo “aprendi com os outros”. O grande declínio da arte por essas terras se dá justamente pela falsidade artística a qual somos submetidos. “Se Chico escreve assim, vou escrever assim também”. Ora, não sou ele. Não tenho a idade dele, muito menos a experiência de vida dele. Por que devo escrever como ele se a minha realidade é outra?

A originalidade está aí mesmo, bem ao seu lado. Olhe em volta. Olhe para as pessoas que te cercam, para seus objetos pessoais, olhe para a escola onde você estudou, seus pais. A inspiração do grande artista vem disso e não do dicionário.

Ou, corra o risco de criar um colóquio para que um quadrúpede ruminante cavicórneo, tipo da família dos bovídeos, possa se entregar ao estado fisiológico caracterizado pela insensibilidade dos sentidos.

Um comentário:

  1. a famosa conversa pra boi dormir.


    genial, daniel! ainda bem q vc botou o lápis pra trabalhar!

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