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quarta-feira, 29 de junho de 2011

FIGURAS DE LINGUAGEM


          Algumas pessoas têm dúvidas com relação às figuras de linguagem. Através desse pequeno texto, vou tentar esclarecer algumas delas. Antes, uma breve explicação sobre o tema. Figuras de linguagem são recursos do idioma que causam efeitos na fala ou escrita, a fim de ajudar na interpretação do texto. Posto isso, vamos exemplificar algumas:
          “Trânsito ruim em São Paulo”. Essa frase é um bom exemplo do que podemos entender por pleonasmo. Porque a cidade de São Paulo sempre tem o trânsito ruim. Portanto, é desnecessário dizer a frase toda, basta dizer algo como “trânsito em São Paulo”, que já fica subentendido que não está bom. Mas essa expressão também pode ser considerada um eufemismo (suavização do que se pretende dizer), uma vez que o trânsito por aqui não é ruim e sim péssimo! Porém, se alguém disser “governo trabalhando para o cidadão”, já é um caso de ironia. Na repetição, como o próprio nome já diz, palavras ou expressões são repetidas, como por exemplo: “O PT foi eleito” (pela terceira vez)
          A elipse, é a ausência de algo que o contexto deixa subentendido. Como as escolas públicas fazem. Escola é o lugar onde se ensina. Como na escola pública o ensino está ausente, acaba se tornando um bom exemplo de elipse. Um outro caso de figura de linguagem é a chamada antonomásia. Por trás desse nome esquisito está uma definição muito simples. Na antonomásia, substitui-se o nome por algo que seja relativo ao próprio nome. Em geral, a substituição é feita relacionando a profissão ou característica marcante a quem se quer falar. Por exemplo, “ molusco”
          A comparação, consiste em comparar simplesmente uma coisa a outra, de característica semelhante. Um bom exemplo é São Paulo na época de chuvas fortes, ser chamada de Atlântida, fazendo referência ao continente submerso. Já o cacófato é a junção de palavras que formam um som desagradável ou mesmo engraçado. Como no caso de “a boca dela”, “mil meu com mil teu dá pra comprar” ou “o prefeito nunca sabe o que fazer”.
          Espero, com isso, ter esclarecido algumas dúvidas.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

OCEANO

          Toda vez que um feriado acaba, eu me lembro de como é ruim viajar em alta temporada. A cidade está superpopulosa, muita gente estressada que quer se revigorar das dificuldades do dia-a-dia vai viajar, mudar de ares, e ninguém percebe que todos os problemas (ou quase todos) que existem aqui, passam a existir lá também. Horas de congestionamento, filas em todos os lugares e assaltos são só alguns dos mesmos problemas enfrentados nessa época. O que deixa a dúvida: vale a pena?
          Muitos gostam de praia. Descem a serra porque querem passar o feriadão lá, a qualquer custo: vale pegar bicho de pé, pisar em cocô enterrado na areia, carregar os brinquedos da molecada, sair correndo atrás de guarda-sol mal fixado que voa com o vento e queimaduras de sol. Queimaduras de sol acabam sendo a melhor parte. Farmácias precárias superlotadas, porque a sobrinha esqueceu o xampu em São Paulo, a neta limpou a privada com a escova de dentes da avó, o filho mais velho está com insolação  a menina dormiu embaixo do sol e ficou com muitas bolhas nas costas. Nunca me esquecerei da cena bizarra de uma menina com as costas vermelhas e a barriga branca, procurando alguma pomada que aliviasse queimaduras. Vai ver que não passou pela cabeça dela que queimadura de sol quer dizer exatamente isso: queimadura de sol!
          Mas voltando à praia em si, o mar é o que mais encanta. De fato, devo assumir, o visual é lindo e o som das ondas é relaxante. Porém, o mar é o lar dos peixes.
          Entre todas as espécies de seres marinhos (que deve ser da ordem de milhares, não sei) o que mais me impressiona é a baleia-azul: é o maior animal do planeta, tem mais de trinta metros de comprimento, é o que mais come e o que mais defeca. Tudo isso lá dentro do mar, onde você gosta de mergulhar.
          Imagine agora o tamanho do pênis de um bicho desses. Vou te falar: um animal adulto possui um pênis com mais de dois metros de comprimento. Isso mesmo, maior que eu ou você. Os testículos chegam a pesar dez quilos! E agora, imagine onde esse monstro se reproduz... Isso, lá mesmo. No mar, na mesma água que você engole às vezes!
          E o surfista, malhadinho, cheio de marra, sai da água todo orgulhoso com a prancha na mão e senta na areia (em cima do cocô enterrado), pra paquerar a gatinha, que por sua vez, alisa docemente a pele grudenta, pensando que o grude é consequência do sal da água. Não é demais?
          Ué, ficou com nojinho?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

PALESTRAS


          Ontem encontrei um velho amigo. Na verdade, amigo de adolescência dos meus tios, que hoje é meu amigo também. Há tempos não o via. Conversamos e perguntei se ele conhecia alguém que trabalhasse em editora, para que eu pudesse ter meu livro avaliado e, com sorte, publicado. Então ele respondeu: “editora acabou. Não vai existir mais em pouco tempo, com essa coisa de iPad, baixar livros de graça e etc..” Genial. Fui ser músico em um país e época em que a arte é muito mal valorizada. Agora, tenho pretensões de ser escritor em uma época onde se baixa tudo de graça. E ainda faço um curso de tradutor-intérprete, profissão que tem boa parte do trabalho calcado em traduções de livros e filmes (lembrem-se dos downloads de livros e filmes e da turma que traduz e disponibiliza isso de graça na internet).
          Ou seja, tudo que sei fazer, outros fazem de graça e colocam na internet. Sou realmente um gênio. Tenho talentos que não valem mais. Segundo esse meu amigo, eu deveria disponibilizar meus textos na internet, gratuitamente. “E como vou ganhar dinheiro?”, perguntei. “Ah, você ganha dinheiro com outras coisas, palestras, por exemplo”. Ótimo. Vou fazer palestras.
          Mas todos que dão palestras, falam sobre assuntos que entendem bem, geralmente são pessoas que se deram bem dentro daquele assunto. Mas se eu não me dei bem em absolutamente nada, quem compraria uma palestra minha?
          Foi então que tive uma grande idéia, que obviamente já deve estar ultrapassada e alguém já deve estar fazendo de graça. Mas como eu sou teimoso, vou divulgar: Faço palestras sobre como se dar mal na vida. Sei tudo sobre como perder namorada, como ter idéias que ninguém quer saber, trabalhar como um camelo sem ganhar um centavo, como perder trabalhos que pagam bem (geralmente deixando para alguém visivelmente menos capacitado) e outras panaquices típicas.
          Você deseja paquerar aquela mulher maravilhosamente linda que está ali sorrindo para você e em seguida deixar que outro a beije na sua frente? Fale comigo. Você é músico e deseja ardentemente perder a vaga naquela banda que ganha bastante dinheiro? Fale comigo. Sou o problema para todas as suas soluções!
          Universidades: chega de dar bons exemplos para seus alunos, com palestras inúteis, dadas por gente que se deu bem na vida. A maioria dos seus alunos vai suar muito para pagar o aluguel de qualquer forma! Deixem que eu mostre o caminho errado, quem sabe assim, o povo se toca!
          Descontos especiais para adolescentes sonhadores! Faça um orçamento (com compromisso, porque preciso defender o meu)!

terça-feira, 21 de junho de 2011

OS BONS LADRÕES


          Ontem, minha avó comentou comigo uma notícia triste. Uma mulher que saía de um restaurante, se não me engano, foi abordada por um ladrão, armado, que queria seu relógio. Ao se assustar e gritar, involuntariamente, levou um tiro na boca. Ela sobreviveu, mas o ladrão foi morto pela polícia. Isso aconteceu não só porque o crime está banalizado. Mas também porque os bandidos, hoje, são covardes e nem um pouco talentosos. Puxar um gatilho, qualquer idiota consegue. Isso me fez lembrar de uma frase dita por alguém que já não me lembro mais quem foi : “antigamente, era preciso ser um artista talentoso para roubar. Os bons ladrões, conseguiam roubar suas cuecas sem tirar suas calças”. Bela frase.
          Como uma coisa puxa a outra, acabei recordando um curta-metragem que vi há muito tempo, que contava a história de Gino Meneghetti. Gino era conhecido por ser um bom ladrão. Nascido na Itália, Meneghetti veio para o Brasil em 1913, depois ter sido preso algumas vezes na Itália e na França. Ganhou fama por conseguir andar pelos telhados das casas durante suas fugas, por ser preso várias vezes e sempre conseguir sair (às vezes solto, às vezes escapava) e o mais importante: só assaltava os ricos, não permanecia mais do que cinco minutos nas residências assaltadas e nunca feria suas vítimas. Na verdade, apesar de roubar armas (entre outros objetos), só efetuou um disparo, matando um comissário de polícia. Era um bandido escorregadio, que desafiava publicamente a polícia. Morreu aos 98 anos, em 1976. Virou lenda. Mas por quê? Porque tinha talento. Certa vez, ao ser capturado, declarou: “"Não é possível ser um bom ladrão sem ter os ouvidos em bom funcionamento. Acho que terei de me aposentar" Ainda por cima, era consciente!
          Hoje, os ladrões são diferentes. Mais violentos, não hesitam em matar e espancar. Falta-lhes talento.  E isso nos mostra um paralelo interessante: o ladrão de antigamente era um artista. O artista de hoje, é um ladrão. O ladrão, precisava ser talentoso. Não raro, eram pacíficos. Verdadeiros artistas. Hoje, os artistas são verdadeiros ladrões: nos enganam com falsos talentos, usando a mesma técnica dos ladrões antigos. Na verdade, o talento do artista atual é o mesmo do ladrão antigo: enganar! Interessante.
          Ao mesmo tempo em que os bandidos de hoje nos ferem com suas armas, os artistas fazem o mesmo com suas vozes. Cantando em intervalos musicais indefiníveis, devido às constantes desafinações, roubam nosso dinheiro com a enganação de programas de computador, que nos fazem crer que eles são realmente bons. Mentira. Também lhes falta talento. A diferença dos ladrões para os artistas de hoje, é que o segundo grupo não é perseguido pela polícia! A semelhança, é que o primeiro grupo, em alguns casos, conta com o apoio do povo, na forma de voto.

sábado, 18 de junho de 2011

CELULAR

          O cliente entra na loja de aparelhos celulares, em um grande shopping de uma grande metrópole. Após uma breve espera de uma hora e quarenta e cinco minutos, ele finalmente lê no visor, em cima do balcão, o número de sua senha piscando. Sinal de que sua vez havia chegado. A partir disso, segue o diálogo:

Vendedor — Bom dia, em que posso ajudar?
Cliente — Gostaria de ver alguns aparelhos...
Vendedor — Pois não senhor. Tenho aqui o mais novo lançamento da operadora Óbvio.
Cliente — E o que ele faz?
Vendedor — É um aparelho feito com a mais nova tecnologia disponível hoje. Vem com trinta jogos, desde jogos de cartas e tabuleiro até jogos de lógica e ação e possui Bluetooth, que permite a troca de arquivos por uma conexão sem fio entre celular e outro celular ou celular e computador.
Cliente — O que mais?
Vendedor — Bom, esse aparelho possui também conexão ultra-rápida com a internet, via wi-fi, possibilitando o download de vídeos, música, jogos e fotos em uma velocidade incrível. Toca MP3 e lê qualquer formato de vídeo. Todos esses arquivos podem ser guardados em sua memória de trinta gigabites. Ou pode-se utilizar um cartão de memória, já incluso, de um terabite.
Cliente — Puxa, que legal. O que mais?
Vendedor — Já vem com cabo de dados para transferência de arquivos do seu computador para o telefone ou vice-versa. Tem fone de ouvido e carregador incluso, que pode ser ligado em qualquer tomada, acendedor de cigarros do carro, e até mesmo em alguma entrada USB de qualquer computador. Pega todos os canais da TV aberta e possui um pacote de TV por assinatura, que pode ser contratado através da sua operadora. O telefone também permite que o senhor grave os programas de televisão.
Cliente — Que interessante. Mas vejo que as vantagens desse aparelho não param por aí, não é?
Vendedor — Com certeza, senhor. Já vem instalado no telefone uma versão mais moderna de um sistema operacional que lhe permitirá usar os softwares previamente instalados para enviar e receber e-mails, editar fotos, vídeos e textos; criar e editar planilhas, apresentações de slides e muitas outras funcionalidades, como ler e criar blogs, fotologs, videologs, saber a hora certa em diversas capitais, incluindo a nossa e ver a previsão do tempo em diversas cidades do mundo! Tem também GPS, guia de ruas com mapa, calculadora, conversor de pesos e medidas, calendário, lembretes, agenda de compromissos, rádio AM/FM, com a possibilidade de gravar a programação e escolher as rádios de sua preferência além, é claro, de um super gravador de voz, câmera de 38 mega-pixels que faz fotos e filmes. Possui alto-falantes muito potentes embutidos e, ainda inclui caixas de som externas com sub-woofer, o que vai fazer com que o senhor se torne um verdadeiro DJ.
Cliente — Nossa...
Vendedor — E tem mais: nessa versão, ainda vem um software de edição de áudio exclusivo, que o senhor poderá usar para editar suas músicas e gravar seus CDs. Também possui um software de gravação de DVDs e Blu-Ray. Tudo isso neste pequeno aparelho, de excelente design, que também pode ser usado como canivete suíço, com tesourinha, faquinha, lixa, lupa, lanterna, pinça, linha e agulha, palito de dentes, termômetro, bússula e lanterna. Sem contar com o exclusivo software barista, que prepara virtualmente seu café e pode ser acoplado à sua cafeteira via USB, para que o senhor tome o seu café da manhã ou da tarde na mais perfeita temperatura, de acordo com o seu gosto!
Cliente — Muito bom. Um verdadeiro espetáculo! Mas e com relação às chamadas de voz?
Vendedor — Perdão, senhor?
Cliente — Chamadas de voz. Ligações...
Vendedor — Como assim?
Cliente — Quando alguém quiser me telefonar ou eu quiser telefonar para alguém. Você não falou nada sobre isso ainda.
Vendedor — Desculpe, senhor. Mas isso, esse aparelho não faz. Ainda não temos uma tecnologia boa o suficiente para oferecer esse serviço com qualidade!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

ONDE VAMOS PARAR?

          Essa é a pergunta que faço a mim mesmo todos os dias. O mundo anda cada vez mais esquisito. E, a cada dia que passa, acredito mais na profecia do fim do mundo em 2012. Esse planeta está cada vez mais difícil de compreender e as pessoas estão cada vez mais loucas, burras ou sortudas.
          Por exemplo: um cidadão inglês, de 38 anos, tinha uma verruga em uma das mãos. Depois de vários tratamentos, como cremes e até cirurgia, a verruga ainda estava lá, incomodando o pobre homem. E como ele resolveu o problema? Simples. Pegou sua Beretta calibre 12 (cuja autorização para portar ele não possuía) e deu um tiro na própria mão, mandando pro inferno a verruga e parte do dedo. Quase foi preso pela posse de tal arma, mas acabou se livrando da cadeia. E ficou feliz da vida, sem a verruga!
          Outro caso, dessa vez na Itália, aconteceu com um homem de 28 anos. Após levar um tiro calibre 22 na cabeça, foi para o hospital. A bala, passou por trás do olho e se alojou na cavidade nasal. Enquanto esperava para ser atendido, sentiu uma coceira no nariz e pronto: espirrou a bala! Na Escócia, um empresário rasgou dinheiro, jogou dentro da privada e puxou a descarga, pensando se tratar de notas falsas. Nos Estados Unidos, duas amigas foram flagradas por uma emissora de TV, tirando fotos com a máquina ao contrário. É impagável ver a cena das duas fazendo pose enquanto a lente apontava para o campo.
          Uma amiga comentou sobre um preso que fugiu de uma penitenciária de segurança máxima e se escondeu em outra cadeia. Isso, segundo ela, aconteceu aqui mesmo no Brasil. Vamos concordar que, se uma prisão de segurança máxima não conseguiu manter o bandido preso, não será qualquer cadeizinha que vai conseguir.
          Já ouvi e li muitos casos esquisitos, como um ladrão americano que invadiu uma loja de armas, lotada de clientes, incluindo policiais que estacionaram a viatura na porta, e anunciou um assalto. Ou um maconheiro que escondeu um pacote de maconha na delegacia. Mas tenho a nítida impressão de que esse tipo de caso está cada vez mais freqüente.
          Existe até uma premiação para atos estúpidos como esses, chamada de Darwin Awards, em referência a Charles Darwin, autor de “A Origem das Espécies”. Segundo os organizadores, a burrice desses cidadãos colabora para a evolução da espécie humana, já que, como são burros, tem a tendência de se matar antes de ter filhos, impedindo que o gene da burrice seja passado para frente.
          Mas o que me espanta é que hoje em dia esse tipo de ato é tão comum, que me pergunto se toda a espécie humana não corre risco de extinção.
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