Depois de mais de três horas
sem luz, duas terríveis constatações: a luz sempre acaba à noite ou ao
entardecer e o meu prédio é o único sem luz na rua.
A falta de energia foi causada
pela chuva fortíssima desta tarde. Ou a chuva foi realmente muito forte, ou o
Chuck Norris passou por aqui. O saldo foi emocionante: cinco explosões de
transformadores na rua, sendo que a última delas aconteceu do outro lado da
rua, bem no momento que o infeliz aqui resolveu olhar pela janela (me senti
como se estivesse sendo atacado pelo Tocha Humana. Essa impressão vai ficar em
minha memória pro resto da vida), árvores caídas por todo lugar e, uma delas,
foi partida ao meio (vento ou raio, sei lá) e sua metade caiu dentro do prédio.
Outra árvore caiu bem em cima
de um carro que, pela lógica, passava por uma rua vizinha, provavelmente
fugindo do alagamento. Até onde sei, não houve vítima, mas o carro foi
destruído. Ele estava parado no meio da via e, por conta disso, o trânsito
ficou infernal. Um motorista de ônibus (tinha que ser) inventou de passar pelo
resto de rua que sobrou. Super hábil, experiente e teimoso, ele conseguiu
entalar o ônibus e piorou o já caótico tráfego do local.
O semáforo foi virado pelo
vento e passou a apontar para a outra rua. A garagem do prédio encheu. Lá fui
eu tirar o carro da garagem, que por sorte não tinha tanta água assim. Pelo
menos, não o suficiente para entrar dentro dos automóveis. “Não morri por causa
da explosão do transformador e agora vou morrer vítima de leptospirose”,
pensei. As ruas estavam totalmente alagadas. As que não estavam, eram
intransitáveis. Só dava pra passar a pé.
A água arrastou três carros,
uma lata de lixo e um colchão, isso só pelas minhas contas.Outros tantos carros
foram cobertos pela água. As pessoas desciam dos ônibus e continuavam a pé seus
caminhos.
Isso tudo que descrevi se
refere a um perímetro de apenas um quarteirão. Fico imaginando como ficou o
resto da cidade.
Veja as fotos aqui
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