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quarta-feira, 4 de abril de 2012

BUFANDO NO ELEVADOR

Qual é a graça de bufar em público? Reparei que muitas pessoas mais velhas possuem essa mania. Ou assoprar, suspirar, não sei bem como definir. O fato é que essa mania me incomoda um pouco. Aqui onde moro, há um senhor, cujo andar em que mora eu não sei dizer, que tem essa mania em exagero. É mais do que uma simples mania. Um vício, talvez? Não sei. Mas a cada inspiração, há um bufar nem um pouco discreto que a segue.

Eu moro em um andar baixo e ele em um andar alto. Minha aflição de vê-lo sacudir o ar do elevador acaba logo. Mas imagino o sofrimento de alguém que tenha a mesma aflição que eu e tenha que subir mais tempo na sua doce companhia. 

Às vezes, a assoprada gera um assobio ou um ruído qualquer que chama a atenção das pessoas. Certa vez no elevador lotado, todos olharam pra ele, discretamente. Ele não chegou a notar, mas acredito que todos estavam ficando irritados com aquilo.

Isso me lembra uma história que ouvi, sobre um grupo de moleques, amigos de infância, que foram acampar. Um deles tinha um bafo terrível e ninguém sabia o motivo. Poderia ser algum problema sério ou ele simplesmente não escovava os dentes, mas por via das dúvidas, combinaram com ele que, para evitar que o cheiro ruim, ele levantasse a mão quando quisesse falar. Assim, todos poderiam tapar o nariz a tempo ou virar o rosto. No acampamento, todos estavam dentro da mesma barraca, embaixo do mesmo lençol, conversando, quando o dono da boca podre levantou a mão. Todos mais do que depressa enfiaram a cabeça embaixo do lençol e ele então pode dizer, de forma bem singela:

— Peidei.

Sempre soube que essa história era uma piada. Mas fico imaginando se fosse real e se o cenário fosse um elevador com um senhor de idade dentro...
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