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sábado, 1 de novembro de 2014

É OSSO!

Eu comi uma perninha de frango hoje, depois que voltei para casa. Só sobrando osso, ao final do meu lanchinho, joguei o resto na lata de lixo que fica em cima da pia, destinada a restos de comida e guardanapos sujos. Pus a tampa em cima.

Mais tarde, já à noite, fui esquentar o jantar. Enquanto a torta que iria nos alimentar assava dentro do forno, lembrei de um pedacinho de pizza, da noite anterior, que sobrava na geladeira. Comi, não sem antes retirar o tomate, que detesto, e jogá-lo dentro da mesma lata de lixo. Pus a tampa novamente.

Importante lembrar que, tanto durante meu lanche, quanto durante o jantar, uma das minhas gatas, a Barbarella — nome dado em homenagem a famosa heroína dos gibis encarnada, no cinema, pela lindíssima Jane Fonda — pedia a nossa comida. Como de hábito. Porém, ultimamente, não estamos mais dividindo a nossa comida com ela, por ordens de caráter veterinário.

Alguns minutos após o jantar, no qual fui acompanhado por minha avó, saí para comprar cigarros. Passei pela cozinha e vi a tampa da lata de lixo fora do lugar e o tomate da pizza jogado ao lado da lata. Sem dar muita importância ao fato, joguei a rodela de novo dentro do lixo e tapei. Saí em seguida.

Quando volto, me deparo com a cuidadora da minha avó perguntando algo sobre “o moço”. Sem entender direito, perguntei “que moço?”. Ela, sem entender o que eu disse, respondeu:

— Ela está na sala com um moço!

Na hora corri para a sala. Minha avó estava com um moço na sala. Não poderia ser ninguém conhecido. Caso contrário, a cuidadora não iria se referir a ele como “moço”. No meio do caminho, vi um osso no chão... aos poucos, tudo começou a fazer sentido. A cuidadora recolheu o osso e jogou fora, na mesma lata de lixo. Então, ela começou a explicar:

— Antes de você sair, nós ouvimos um barulho. A Chiquinha (a minha outra gata — não me pergunte o motivo do nome. Quando a adotamos, ela já estava batizada) que estava bem ali (apontando para um lugar visível) saiu correndo.

— Quando eu saí, vi a lata de lixo destapada e uma rodela de tomate em cima da pia...

Mistério resolvido: ou a Barbarella está gagá ou está agindo em represália contra a recusa de nossa parte em lhe fornecer alimentos temperados para o paladar humano. Chegou ao cúmulo de subir na pia, no momento em que ninguém via, retirar a tampa do lixo, fuçar lá dentro até achar o resto do frango, retirar (sabe-se lá como) o osso e leva-lo para a sala. Com a perspicácia de retirar, antes, os itens que estavam por cima de seu objeto de desejo e dificultavam seu plano.


O crime foi quase perfeito. Ela deixou pistas. E tamanha audácia de nada adiantou, pois quando eu como frango, só sobra mesmo o osso.
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