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sábado, 10 de janeiro de 2015

CICLOFAIXAS

Hoje respondi um comentário feito por um amigo numa postagem que compartilhei no Facebook. Foi essa resposta que me inspirou a escrever um pouco sobre a minha opinião a respeito da administração desastrosa que a cidade de São Paulo vem conhecendo, através do prefeito Fernando Haddad (aquele mesmo que, quando ministro da educação, deixou vazar as provas do ENEM) .

Haddad ganhou o apelido de Suvinil porque resolveu melhorar o trânsito da cidade pintando ciclofaixas nas ruas da cidade. O problema é que, além de caras, as faixas para bicicletas não foram planejadas. É por isso que vemos algumas bizarrices, como uma faixa sendo cortada por uma árvore que estava no meio do caminho e a ciclofaixa drive thru, que passa na frente de barracas de feira.

Eu quero deixar claro que não sou contrário a elas e nem as ciclistas (e mesmo que fosse, nada poderia fazer, aqui, do alto da minha insignificância), mas sou contrário ao modo como são feitas. É nítida a pressão que se faz hoje contra os automóveis. Eles são tratados (assim como os motoristas) como os causadores do transtorno do trânsito pesado que temos. É claro que medidas para aliviar essa tensão são bem vindas, mas vamos pensar um pouco: é justo condenar os carros e os motoristas, quando sabemos que a culpa não é só nossa?

Eu uso carro. E ando a pé. Se uso transporte público, prefiro o metrô. Ônibus eu sempre evito.  Quando eu vejo uma ciclofaixa invadindo preciosos centímetros das faixas para carros nas ruas, eu me sinto lesado. Aliás, me sinto punido. Punido por perder esses valiosos centímetros para as bicicletas, por ser fiscalizado quase obscenamente por radares, por ser proibido de usar meu carro em determinado dia e horários e por pagar impostos que servem para pintar as ruas de vermelho, mas não são usados para tapar buracos, nivelar asfalto, prevenir enchentes e etc. E isso tudo porque tenho carro e, hoje, sou um grande vilão. Faço parte da turma dos malvados que poluem, fazem barulho e estressam os outros.

E nós, os grandes vilões do século, estamos sendo penalizados dia após dia. E engana-se quem acha que só as ciclofaixas fazem parte desse plano de eliminação dos automóveis. Houve um aumento grande no número de radares, restrições de estacionamento e circulação, queda nos limites de velocidade, aumento de zona azul (o que eu acho um absurdo – se a via é pública, por que temos que pagar para estacionar? E isso sem falar nos já odiados rodízio e IPVA.

Antigamente falavam que o Maluf governava para os ricos (que tinham carro), por causa das grandes obras viárias que fez. Embora superfaturadas (sempre), hoje são de fundamental importância no trânsito da cidade. Nos dias atuais, os que antes eram pobres, hoje são ricos (seguindo a lógica) porque podem ter carro (e isso aumentou muito a frota da cidade, sem dúvida, contribuindo para o aumento dos congestionamentos) e o governo é para os pobres. É justamente isso que critico.


Um governo não tem que ser para pobres ou ricos ou para qualquer grupo que eles insistem em criar. O governo é para o povo. Eu sou do povo. Você é do povo. As mulheres e homens são do povo. Os gays e héteros são do povo. Religiosos e ateus são do povo. Os fumantes e não fumantes são do povo. Os pretos e os brancos são do povo. Todos nós somos povo, não importando nossas posses, capacidades ou preferências. Resumindo: todos nós temos o direito de ir e vir e a forma como iremos fazer isso é de nossa escolha pessoal, não de um prefeito (ou presidente, ou partido, ou quem quer que seja). O governo tem que garantir a nossa qualidade de vida, seja dentro de um carro ou pedalando pelas ruas. É isso que temos que cobrar, não interesses dos grupos.  E o que tenho visto aqui são interesses de um grupo sendo atendidos enquanto os interesses de outros são ignorados. É por isso que reclamo das ciclofaixas, embora ache uma boa ideia. 
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